TROTE UNIVERSITÁRIO – Uma questão polêmica
Passar no vestibular, além de vários sentimentos, novidades e mudanças na vida do estudante, também implica passar por um ritual: o trote. Ele, além do primeiro contato entre veteranos (os alunos mais antigos das universidades), envolve uma polêmica há muito combatida nas universidades: o abuso da violência e da humilhação com os novos alunos (calouros ou bichos).
Não há como negar, em sua essência, desde sua origem, o trote ficou marcado como símbolo de violência e humilhação. O “ritual de passagem” da vida estudantil para a acadêmica (na universidade), começou na Europa, e acabou vindo para as instituições brasileiras, onde ganhou adaptações nacionais.
Raspar a cabeça dos calouros, sujá-los com tinta e fazê-los dançar ou andar de mãos dadas, parece ser inofensivo. E é, desde que seja opcional. Ou seja, o calouro só participa se quiser. Mas, infelizmente, essa não é a realidade. O que vemos é a participação compulsória desses jovens, que, acuados, temem represálias dos veteranos, caso se recusem a ser “trotados”. O álcool é constante nesses rituais, onde os bichos são forçados a ingerir cerveja, uísque, entre outras bebidas, até ficarem completamente bêbados.
O abuso da violência dos veteranos nos trotes (por simples “diversão” ou por castigo pela recusa do calouro a participar da “brincadeira”) já resultou (e ainda resulta) em casos chocantes noticiados pela imprensa no Brasil.
Trote Cidadão
Temendo novos casos de violência excessiva as universidades (principalmente as públicas) criaram mecanismos para evitar o trote. Sua prática já passou a ser motivo para o veterano ser “jubilado”, ou seja, expulso da instituição. Além disso, o trote solidário ou cidadão passou a ser estimulado nessas instituições, em iniciativas que partem, muitas vezes, dos próprios veteranos.
Ao invés de violência e humilhação, durante o trote cidadão, veteranos e calouros integram-se em práticas saudáveis e benéficas: doam sangue, plantam árvores, divertem crianças em instituições, pintam muros de escolas, arrecadam alimentos e participam de campanhas para doá-los a comunidades carentes.
Este ano a UFV – Campus Rio Paranaíba, curso Engenharia Civil proporcionou um dia de muitas brincadeiras e trabalho na Escola Municipal Padre Goulart, participando da reforma. A Escola por sua vez serviu um delicioso almoço para os calouros e veteranos do curso em retribuição ao trabalho prestado.
Desta forma, o ingresso na universidade passa a ser não só um prêmio para os calouros, mas também para crianças, comunidades e o próprio meio ambiente, que recebem as boas ações.
É claro que um pouco de tinta no rosto e comemorações entre veteranos e calouros fazem parte das “calouradas” (as festas de recepção dos novatos). De forma leve e com a permissão dos novatos, tudo fica divertido e só favorece a formação de novas amizades.
Julio Fernandes
Atenção galera da UFV que curtiu essa matéria, favor colocar comentários sobre o assunto.
ResponderExcluir